sábado, 25 de junho de 2011

Coisas do Inconsciente

Novela é uma coisa tão supercial como uma cortina de persianas.
Sempre deixa a poeira entrar.

Essa frase foi dita dentro de um sonho que tive esta manhã. Ainda estou tentando decifrar.

domingo, 19 de junho de 2011

A penúltima canção

Dizem que o álcool libera a escrita. Então eu me servi de um copo de rum bem cheio, um rum escuro, e me sentei em frente ao teclado com vontade de lembrar a frase bonita que ela disse às duas da manhã entre a penúltima música do disco e o silêncio que veio depois. Como eu, ela chama cd de disco. Como eu, ela não gosta de chamar de álbum. Álbum lembra as figurinhas que a gente comprava na época da Copa quando era criança. Lembro muito da foto do Branco, da seleção de 94. Não encontrava em nenhum lugar. O Branco foi a última que eu encontrei. Será que eu encontrei? Nem sei. Ela diz que eu devo ter inventado isso, pois a figurinha do Branco não era tão difícil de encontrar. Ela mesma pegou algumas vezes repetida. Ela diz que eu devo ter inventado porque o Branco era um jogador muito querido pra mim, pelo o que eu disse pra ela, por causa dos gols de falta, por causa do nome que era o mesmo de um amigo de rua. Vulgo? Nome mesmo. Branco. E o álbum parecia incompleto demais sem a cara dele. Mas álbum é coisa de figurinha. Se for pra tocar música, é disco. Até porque é redondo, como vinil. Como eu, ela gosta de vinil mas não tem mais eletrola em casa. Eu disse pra ela que vi um dia desses um homem vendendo uma vitrolona lá perto do Comércio. Eletrola? Não, vitrola mesmo. Dessas de dar corda, de desenho animado, que tem uma concha feito concha que se cata na areia da praia. Ela sorriu. Vou comprar quando puder e vou te dar, eu pensei. Claro que eu não disse. Pensei: vai ser uma bela surpresa. Ela depois perguntou se eu tinha o último disco do Bob Dylan. Eu disse que não tinha. E aí começou uma discussão interminável. Fui cair na besteira de dizer que o Belchior era melhor que o Bob Dylan. Muito melhor, ainda mais. Fechou a cara e demorou pra abrir de novo. Magoada mesmo. Disse que não aceitava que eu dissesse uma coisa dessas, que não se diz uma coisa dessas pra quem se ama, que isso era a ignorância mais pura que ela já havia escutado durante a vida. Não que o Bob fosse tão melhor que o Belchior assim. Não é por aí. Mas é que não leva à nada pensar a vida desse jeito. Melhor, pior. Porra. Tudo ela dizia com calma, sem levantar a voz. Porra. Nem sei porque ainda te respondo uma coisa dessas. Decidimos abrir o vinho. Fiquei em silêncio. Ela depois recitou umas quarenta e sete músicas do Bob Dylan como quem fala ditados populares. Eu bebia o vinho e me divertia com tudo aquilo. Tem gente que tem dom para encontrar pessoas bacanas. Essa é a minha principal qualidade. O Bob Dylan é muito mais do que like a rolling stone, o Bob Dylan. Chega uma hora que só ver a boca mexer já vale tanto. Eu tava assim. E pensava que pode ser que existam anjos em Belém do Pará nos sábados à noite.

Comunicação Alternativa

Veja em meu rosto as notícias do dia.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Esta manhã, no cais da feira.

O homem punha o balde na baía. Sem pressa, punha a água barrenta no balde. Inclinava o corpo ágil enquanto o braço guiava a corda. Pleno sol. Eis um homem paciente, pensei.